20 de abril de 2011

A realidade do SUS



Por Maria Angêla C. Martins


A gestão do trabalho em saúde volta à tona em tempos de discussão de organizações sociais, troca de secretariado e flexibilização de vínculos trabalhistas no Estado e em Cuiabá.
Há claramente um total descaso frente à implementação de políticas públicas acerca do tema trabalhadores em saúde, que parece amargar ainda na atualidade tudo de ruim que o sistema público possa oferecer, como se fosse ele, em sua limitação diária, o responsável pelo caos instalado. Isso seria desumano, se não fosse estratégico por parte daqueles que planejam exatamente disseminar a ideia barata de que a saúde vai mal sim e em grande parte por responsabilidade de seus médicos, enfermeiros etc...
Acreditem se quiser, ou se der menos trabalho, se for o caso!

O caos em que vive o trabalhador tem sua rotina marcada pela falta de segurança nos locais de trabalho, atividades insalubres com o adicional de insalubridade cortado, assédio moral constante, ausência de espaços de negociação permanente, infraestrutura precária nas instalações físicas e ausência de carreira, no caso de Cuiabá.
Neste cenário, quero ver mesmo é político dizer com toda a honestidade que o setor público ainda é um terreno onde o “apadrinhamento político”, onde favores pessoais e os privilégios constituem o principal motivo pela descrença nas possibilidades de mudanças e que o sentimento de iniquidade e injustiça gerados por estas situações produz frustração  em relação aos projetos pessoais e profissionais dos trabalhadores, levando à desmotivação e novamente à descrença na possibilidade de mudanças nestas organizações.
Quero ver mais ainda: o assumir de que ainda temos perfil de gestão patrimonialista focada em projetos políticos para mandatos com tempo de término e não de interesses coletivos para o fortalecimento de políticas públicas. Na verdade os trabalhadores de saúde estão longe de estar na prioridade da agenda estratégica dos gestores como base para a concretização das ações e serviços de saúde disponíveis à população.
Fatores como a precarização das relações trabalhistas na saúde, a falta de estímulo profissional, os desvios de função, as duplas ou triplas jornadas de trabalho, a submissão a formas amadoras e arcaicas de vinculação e gestão e fragilidade nos espaços de negociação entre trabalhadores e empregadores apontam para a grande dificuldade e pouco investimento no quadro de pessoal do SUS.
Resta saber agora: quem vai encarar? É necessário responsabilidade para a discussão, não precisamos mais de discursos rasose fáceis com o único propósito de fazer valer um projeto político viável a um determinado grupo. Precisamos, sim, aprofundar a busca de soluções para que o trabalho em saúde possa efetivamente atender as necessidades da população que dele necessita.
Maria Angela C.Martins
Fisioterapeuta e vice-presidente do Conselho Municipal de Saúde


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