Uma menina de 12 anos e outras quatro pessoas foram feridas pela Polícia Militar nessa quarta-feira (27), durante o ato realizado em frente a Prefeitura de Cuiabá, contra a Privatização da Sanecap e em defesa do Passe Livre. Centenas de estudantes e trabalhadores se organizaram para manifestar a indignação contra as manobras da Câmara Municipal de Cuiabá e da Prefeitura, que demonstram profundo desrespeito pela população cuiabana, que sofre com a precarização dos serviços públicos e não têm suas reivindicações atendidas.
A manifestação teve início às 8h, na Praça Ipiranga, seguida de uma caminhada pela Avenida da Prainha, Getúlio Vargas, Barão de Melgaço e Isaac Póvoas. Por fim, os manifestantes se concentraram em frente Prefeitura, onde foram recebidos pela Polícia Militar que cercava o prédio. Logo na chegada, o trabalhador da Sanecap, Paulo Pacheco, foi atingido na perna pelo policial Wesmens Sandro. “A polícia está proibindo o nosso direito de manifestação, ferindo o nosso direito de ir e vir. Nós mal chegamos e eles já estão atirando”, disse Pacheco.
Questionado sobre a orientação recebida pela polícia, o comandante da operação, coronel Walter Silveira, disse: “A orientação é que nós teríamos que controlar um bando de arruaceiros. E é isso o que eu vejo, um bando de arruaceiros”. Mais tarde, depois de uma menina de 12 anos ter sido atingida com spray de pimenta, o coronel negou que essa fosse uma arma utilizada pela polícia e disse que a família da jovem poderia recorrer à Polícia Judiciária Civil e dizer que sofreu lesões durante a manifestação.
Outras quatro pessoas foram feridas com o que parecem ser estilhaços de tiros, mas Silveira também negou que a polícia tenha atirado contra os manifestantes, e sim para o alto, duas vezes, com balas de borracha. No entanto, os manifestantes acreditam que a Polícia tenha utilizado balas de festim.
De acordo com o vereador Lúdio Cabral, apesar da ação repressiva da polícia, o ato cumpriu o objetivo de alertar a população que passava pelo Centro e também deixar o recado de todas as entidades que participam do Fórum. “A população quer ser ouvida, sim! Não aceitamos mais esses atos truculentos. A Câmara e a Prefeitura estão virando as costas para a população. O próprio magistrado que concedeu a liminar em nosso favor ontem concluiu isso diante das provas”, afirmou o vereador.
“As privatizações nunca foram boas para o povo, por exemplo, a coleta de lixo e o transporte coletivo. Outro exemplo é a telefonia que foi privatizada e tem as tarifas mais altas do mundo e um dos piores serviços”, disse o presidente do Sindicato dos Bancários de Mato Grosso (SEEB-MT), Arilson da Silva.
A avaliação é que o Fórum está ainda mais fortalecido. Centenas de assinaturas para a Lei de iniciativa popular contra a privatização da Sanecap foram colhidas durante a manifestação.
No final do protesto, os manifestantes organizaram baldes na calçada da Prefeitura e chutaram, depois de cantar o Hino Nacional. Novos ações com o objetivo de não permitir a privatização do saneamento estão sendo traçadas pelo Fórum, entre elas a possibilidade de nova manifestação na Câmara Municipal de Cuiabá no dia em que os vereadores voltarem do recesso .
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa
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