27 de outubro de 2014

A bola é minha! Se eu não jogar ninguém joga. - Artigo

Por Alexandre Cândido de Oliveira Campos

Desde muito pequeno a gente se depara com questões de democracia.
Quantas vezes já não vimos aquela criança de família de boas finanças ao perder uma partida de "estirão" (se lembram disso?) cancelar a brincadeira com a célebre frase. "A bola é minha. Se eu não jogar ninguém joga"?
Porém, na maioria das vezes chegávamos a algum acordo e a brincadeira continuava. Exceto quando xingavam a mãe, aí eram braços e pernas e até pedradas. No dia seguinte estávamos brincando de novo.
Mas eram desde esses momentos tenros da vida que começávamos a aprender as regras da convivência em grupo. Na Rua o dono da bola (que também usava chuteiras) tinha os mesmos direitos daquele outro menino que nunca tivera uma bola melhor que um pequeno frasco de danup recheado de papéis.
As regras eram fáceis de se decifrar: emprestar a bola para o jogo e depois tomar de volta quando o time estivesse perdendo era errado. A punição era grave: ninguém brincava mais com ele até que emprestasse a bola de novo. Era preciso saber perder. Xingar a mãe era mais errado ainda e a punição sempre resultava em hematomas.
Aí surgiram os meninos de apartamento e depois os meninos do vídeo-game. Também tinham regras entre eles, mas nenhuma interação social com outras crianças de famílias mais pobres.
Esses meninos são da geração sem limites. Eles cresceram e hoje diante de um Brasil voltado para os meninos que brincavam na rua sem chuteiras, não conseguem aceitar a dura realidade: há limites para seus desejos pessoais.
O jogo acabou, a bola não é de vocês, ou respeitem as regras das ruas, ou voltem para o play.
E, por favor, não ofendam a Dilma, nossa mãe.


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