30 de junho de 2014

Em entrevista ao Diário, Lúdio fala de propostas para o futuro de Mato Grosso


Da Reportagem


Escolhido pela base governista para disputar o comando do Palácio Paiaguás, o ex-vereador por Cuiabá Lúdio Cabral (PT) prefere não adotar um discurso de continuidade da gestão Silval Barbosa (PMDB). 

Segundo o petista, sua intenção é iniciar um novo ciclo, com um plano de governo embasado no saldo de erros e acertos das últimas gestões à frente do Estado. 

Em entrevista ao Diário, Lúdio afirmou ainda esperar que as acusações da operação Ararath, deflagrada pela Polícia Federal, não sejam usadas durante a campanha como “munição” entre os adversários. 

Quanto ao discurso daquele que deve ser seu principal adversário no pleito, o senador Pedro Taques (PDT), de que a base governista estaria envolta em escândalos de corrupção, o petista dispara: “É um discurso policialesco que não cabe a quem pleiteia exercer o mandato de governador”. 

Com o plano de governo ainda em fase de elaboração, Lúdio também deu uma prévia de quais devem ser os pilares de sua gestão, caso eleito. 

Afirmou também que os partidos da base governista continuam focados na missão de levar o PSD de volta para o grupo. Os sociais-democratas decidem nesta segunda-feira (30) se lançarão ou não a candidatura do deputado José Riva ao governo. 

DIÁRIO – O que o senhor acha que pesou para que a base governista escolhesse o senhor como o candidato ao governo? 

LÚDIO CABRAL – É difícil para mim, como candidato escolhido, fazer essa leitura sobre as razões que fizeram os partidos tomarem essa decisão. Eu, quando me apresentei aos partidos como pré-candidato, assumi o compromisso de percorrer o Estado, de mobilizar nossas bases, de visitar todos os municípios, de me apresentar e de colher informações e conteúdo para o programa de governo. Isso consolidou meu nome nas pesquisas de intenção de voto, criou simpatia nas bases dos partidos e as direções, no momento de tomar a decisão, consultaram suas bases e fizeram uma leitura da realidade sobre quem estaria em melhores condições para representar nosso grupo político. Também numa perspectiva de renovação. 

DIÁRIO - E quanto à possibilidade de o deputado José Riva (PSD) também ser candidato ao governo? Qual sua avaliação? 

LÚDIO – A postulação do PSD, tanto a do Chico Daltro, inicialmente, quanto a do Riva são postulações legítimas. O PSD é um partido importante no Estado, tem o maior número de prefeitos, tem mais de 200 vereadores, tem uma bancada expressiva na Assembleia, tem lideranças importantes e legitimidade para pleitear a disputa. Agora, nós vamos manter o esforço no sentido de manter o apoio do PSD, ainda. 

DIÁRIO – O senhor considera esse projeto como um racha no grupo? 

LÚDIO – Não, não considero como um racha. Considero como uma opção legítima de um partido. Mas nosso esforço no sentido de buscar o apoio do PSD ainda continua. 

DIÁRIO – Essa postura do PSD não seria o reflexo de uma insatisfação do partido por não ter espaço na majoritária? 

LÚDIO – Não acredito que seja por essa razão, até porque, havendo uma reivindicação do PSD neste sentido, o conjunto dos partidos [da base governista] sentaria para analisar isso. 

DIÁRIO - Como fazer para anular o discurso do senador Pedro Taques (PSD) de que a chapa governista representa um governo com graves suspeitas de corrupção? 

LÚDIO – Esse discurso da oposição, de quem atira pedra, acusa o tempo todo, tanto em relação ao governo federal, quando ao estadual, não é um discurso construtivo. É um discurso policialesco que não cabe a quem pleiteia exercer o mandato de governador, até porque, se ele for fazer uma análise imparcial da realidade, ele vai identificar que na sua base há problemas que ele precisa explicar. 

DIÁRIO - Sua candidatura vai fazer uma defesa do governo Silval ou vai preferir o distanciamento? 

LÚDIO – Nossa candidatura é de um campo político que governa o país hoje e tem um projeto nacional, de um campo político que governa o Estado e faz uma avaliação sobre o saldo, tanto positivo, quanto negativo, dos governos que nosso Estado já teve em toda sua história e, a partir da leitura da realidade, do diálogo com as nossas bases, estamos formulando um plano de governo para um ciclo novo de condução das políticas de públicas para o Estado. O que é natural é que todo governo tem aspectos positivos e negativos. Cabe colher o aprendizado e melhorar aquilo que é negativo. 

DIÁRIO - Quanto às obras da Copa da Copa que ainda ficarão inacabadas e às dívidas que elas vão deixar, qual vai ser sua postura, se eleito? 

LÚDIO – O sucesso da Copa do Mundo em Cuiabá demonstrou que a opção que Mato Grosso fez foi correta. Em duas semanas, mais de 80 mil turistas passaram por Cuiabá deixando um saldo de aproximadamente R$ 160 milhões injetados na nossa economia. Um clima muito animado, de muito acolhimento. Foi uma festa muito organizada, que foi um sucesso para o mundo todo. 

As obras de mobilidade, de infraestrutura urbana que nosso Estado conquistou, que Cuiabá e Várzea Grande conquistaram, em decorrência da oportunidade de realizar a Copa do Mundo estão em andamento. Uma parte foi concluída, não houve nenhum comprometimento do sucesso da Copa em razão das que ainda não foram concluídas e todas têm cronograma para muito em breve estarem sendo inauguradas. Talvez a única obra que fique para o próximo governador é o VLT, porque é uma obra de muito mais envergadura, mas que, quando estiver pronta, colocará Cuiabá e Várzea Grande numa perspectiva de modernidade do transporte coletivo. Vai ser uma prioridade nossa concluir o VLT, até porque o defendemos desde o início. Os adversários é que, infelizmente, depois do sucesso da Copa, não têm a humildade de reconhecer tudo que foi feito. 

DIÁRIO – E quanto às dívidas que devem ficar por conta dessas obras? 

LÚDIO – O Estado tem hoje arrecadação e receita para arcar com o custo dos financiamentos que foram feitos para as obras da Copa do Mundo, como também para o MT Integrado, por exemplo, que está pavimentando estradas estaduais e interligando 44 municípios que não tinham, até então, ligação por asfalto. Nosso PIB cresceu muito ao longo dos últimos anos e há hoje capacidade de arcar com o custo das dívidas com tranquilidade, sem que isso comprometa o Estado. 

DIÁRIO – O senhor acredita que a operação Ararath terá impacto na eleição deste ano? 

LÚDIO – Olha, o trabalho de investigação da Polícia Federal é a realização de um papel que uma instituição pública tem. A Polícia Federal é um órgão vinculado ao Ministério da Justiça, portanto, do Poder Executivo e cumpre uma tarefa isenta de investigação nessa operação. O Ministério Público e a Justiça também cumpriram seu papel. O que nós temos que esperar é que esse processo transcorra com rigor, com profundidade. 

DIÁRIO – Mas o senhor não teme que o envolvimento de lideranças políticas da base governista possa virar uma espécie de munição contra sua candidatura durante a campanha? 

LÚDIO – Eu espero que isso não seja o tema do debate, porque vai ser muito ruim os dois lados ficarem apontando o dedo um para o outro. Essa operação não escolheu lado, ela apura o envolvimento de cidadãos que estão nos dois grupos políticos. O que, na minha opinião, nós temos que levar para o futuro do nosso Estado é quem apresenta o melhor programa de governo, quem demonstra a melhor capacidade de aglutinar, de unir um esforço coletivo para enfrentar os problemas que nosso Estado tem e abraçar o desafio de um futuro melhor para Mato Grosso. 

DIÁRIO – Houve um acordo nacional entre o PT e o PMDB para que em Mato Grosso os peemedebistas lançassem uma candidatura majoritária, visando fortalecer o palanque da presidente Dilma Rousseff (PT). O que aconteceu para que isso não fosse efetivado? 

LÚDIO – O que sempre houve foi uma posição madura do PMDB e do PT de caminharem juntos na eleição aqui no Estado, independente de quem viesse a ocupar a vaga de candidato a governador, fosse do PT ou do PMDB, ou mesmo de um outro partido aliado nosso. 

DIÁRIO – Para o senhor essa baixa na popularidade da presidente Dilma pode tornar uma candidatura do PT ao governo mais difícil aqui em Mato Grosso? 

LÚDIO – Não, a Dilma hoje tem muitas ações positivas sendo realizadas no nosso Estado. Tanto, que ela lidera as pesquisas de intenção de votos aqui. Mato Grosso obteve muitas conquistas positivas nas políticas sociais; na política de educação, com a expansão do IFMT, de três escolas técnicas para 13, já com mais seis em processo de implantação, sendo um campus no Araguaia; com creches sendo construídas em todos os municípios do Estado; com o PAC 2 assegurando maquinário de qualidade para que os pequenos municípios possam atuar na sua infraestrutura local, para o seu desenvolvimento e qualidade de vida para a população; um programa de moradia, que é o ‘Minha Casa, Minha Vida’, de sucesso; o acesso à universidade sendo assegurado ao filho do trabalhador; os grandes projetos de infraestrutura para o nosso Estado, as hidrelétricas em construção no Teles Pires, que vão permitir a geração de energia elétrica equivalente a metade do gerado em Itaipu; o apoio financeiro à produção agrícola do nosso Estado, a expansão dessa produção; as obras de duplicação da BR-163, a pavimentação da 158, da BR-242, a conclusão da Ferronorte até Cuiabá, o início das obras da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste; o fato de Mato Grosso ter hoje, praticamente depois de 30 anos, um ministro da República, então, nós temos muita coisa positiva para demonstrar para a nossa população para buscar o voto para que a presidente consiga a reeleição. 

DIÁRIO – Quais devem ser suas principais propostas enquanto candidato ao governo? 

LÚDIO – Nós temos feito um debate organizado, para elaboração de um plano de governo, em três eixos que se complementam. É necessário avançar na infraestrutura e logística do nosso Estado – outra razão para se manter a sintonia com o governo federal. Mato Grosso é um Estado continental, com população distribuída em 141 municípios, com grandes distâncias e com desigualdades regionais. Então, o investimento em infraestrutura e logística é fundamental para a interligação do nosso Estado, para que a gente tenha condições de avançar em um segundo eixo, que é o do desenvolvimento econômico. Nós precisamos continuar impulsionando o crescimento da agricultura, precisamos abrir um diálogo para o crescimento do papel da indústria, para que a produção agrícola tenha valor agregado a partir da industrialização, para que nós tenhamos condições de gerar e distribuir mais riquezas, gerar oportunidade para que a juventude possa se empregar em empregos qualificados. O fato de nós termos a expansão de vagas no ensino profissionalizante, tecnológico e superior ajuda nesse sentido, porque nós precisamos de um mercado para incluir essa juventude. A industrialização ajuda nisto, e também a corrigir desigualdades regionais e entre os municípios, além de criar a possibilidade de ampliação da receita do Estado para nós darmos conta do terceiro eixo, que o maior desafio que o próximo governador terá: um foco prioritário nas políticas sociais, na educação, na segurança e, especialmente, na saúde, que o que é a população mais espera do próximo governador. E aí, o fato de eu ser médico, trabalhador da saúde pública, ter 17 anos de experiência nessa área, de preparação para organizar nosso sistema de saúde, só aumenta a minha responsabilidade.


http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=453599

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