Laíse Lucatelli DA REDAÇÃO
fotografia de: Pedro Alves
O ex-vereador Lúdio Cabral (PT), após ser derrotado
nas urnas por Mauro Mendes (PSB) para comandar a Prefeitura de Cuiabá, avalia
que seu adversário, após dez meses de mandato, ainda não realizou as mudanças
que prometeu na campanha eleitoral do ano passado.
E mais: para o petista, a gestão de Mendes não
passa de um “genérico” do governo do ex-prefeito Chico Galindo (PTB), apenas um
"governo de continuidade".
Cauteloso, ele não descarta ser candidato a
prefeito novamente, em 2016. Antes, porém, Lúdio se prepara para disputar uma
vaga de deputado federal nas eleições de 2014.
Ele quer, também, garantir a filiação do juiz
federal Julier Sebastião ao PT, e lançá-lo na disputa pelo Governo do Estado.
Dez meses após deixar a Câmara, depois de oito anos
como vereador, sempre fazendo oposição sistemática aos ex-prefeitos Wilson
Santos (PSDB) e Galindo, o petista diz que não sente falta de ser vereador.
E lamenta: “A Câmara tem uma capacidade
impressionante de produzir novidades negativas para a política em Cuiabá.
Quando você pensa que tudo aconteceu, acontece uma coisa nova”.
O petista voltou a defender a retomada dos serviços
de água e esgoto pelo município, criticou a situação da Saúde em Cuiabá e Mato
Grosso, e o sistema de gestão por meio de Organizações Sociais de Saúde (OSS),
entre outros assuntos.
Leia os principais trechos da entrevista
concedida ao MidiaNews:
MidiaNews
- Como avalia esses dez primeiros meses do governo de Mauro Mendes como
prefeito de Cuiabá?
Lúdio Cabral - Eu penso que a administração da cidade não sofreu nenhuma mudança em relação à gestão do ex-prefeito Chico Galindo. Eu diria até que temos um governo que é uma espécie de genérico do governo do Galindo, persistindo na mesma lógica de funcionamento – a lógica privatista, patronal, fazendo um governo de patrão, de poucos para poucos, partilhado entre os sócios do setor privado.
MidiaNews - Como o senhor vê o fato de as primeiras licitações da prefeitura terem sido vencidas por sócios do prefeito, como o Wanderley Torres (Trimec), que conseguiu um contrato de R$ 3,6 milhões para locação de maquinário, e o Gustavo de Oliveira (Brita Guia), que conseguiu um contrato de R$ 2,1 milhões para fornecimento de brita?
Lúdio Cabral - A pessoa assumir um governo e começar a contratar pessoas que sempre estiveram próximas dela é a expressão de uma visão patrimonialista do Estado, ou seja, a estrutura da prefeitura como patrimônio de um grupo pequeno de pessoas. Os princípios constitucionais da administração pública, dentre eles, a moralidade, ficam maculados.
MidiaNews - Existe algo de novo na atual gestão?
Lúdio Cabral - Na eleição de 2012, toda a população votou por mudanças. Mas o governo do meu adversário é de continuísmo. E a maioria da população continua sofrendo com os mesmos problemas. A Saúde não sofreu mudança em sua organização e a população continua tendo as mesmas dificuldades de acesso. O transporte coletivo continua precário, e houve inclusive quebra de promessas – todos que fomos candidatos prometemos a volta dos cobradores aos ônibus. O problema do saneamento persiste. Até hoje, que investimento foi realizado em coleta e tratamento de esgoto? Qual foi a mudança no tratamento e distribuição da água? As pessoas continuam reclamando.
Lúdio Cabral - Eu penso que a administração da cidade não sofreu nenhuma mudança em relação à gestão do ex-prefeito Chico Galindo. Eu diria até que temos um governo que é uma espécie de genérico do governo do Galindo, persistindo na mesma lógica de funcionamento – a lógica privatista, patronal, fazendo um governo de patrão, de poucos para poucos, partilhado entre os sócios do setor privado.
MidiaNews - Como o senhor vê o fato de as primeiras licitações da prefeitura terem sido vencidas por sócios do prefeito, como o Wanderley Torres (Trimec), que conseguiu um contrato de R$ 3,6 milhões para locação de maquinário, e o Gustavo de Oliveira (Brita Guia), que conseguiu um contrato de R$ 2,1 milhões para fornecimento de brita?
Lúdio Cabral - A pessoa assumir um governo e começar a contratar pessoas que sempre estiveram próximas dela é a expressão de uma visão patrimonialista do Estado, ou seja, a estrutura da prefeitura como patrimônio de um grupo pequeno de pessoas. Os princípios constitucionais da administração pública, dentre eles, a moralidade, ficam maculados.
MidiaNews - Existe algo de novo na atual gestão?
Lúdio Cabral - Na eleição de 2012, toda a população votou por mudanças. Mas o governo do meu adversário é de continuísmo. E a maioria da população continua sofrendo com os mesmos problemas. A Saúde não sofreu mudança em sua organização e a população continua tendo as mesmas dificuldades de acesso. O transporte coletivo continua precário, e houve inclusive quebra de promessas – todos que fomos candidatos prometemos a volta dos cobradores aos ônibus. O problema do saneamento persiste. Até hoje, que investimento foi realizado em coleta e tratamento de esgoto? Qual foi a mudança no tratamento e distribuição da água? As pessoas continuam reclamando.
MidiaNews - Na campanha, o senhor defendeu o rompimento
do contrato de concessão com a CAB Ambiental para os serviços de água e esgoto.
Ainda insiste nessa ideia?
Lúdio Cabral - Sim. Manter o modelo de concessão a uma empresa privada é manter a precariedade do serviço e retardar os investimentos, além de ampliar o prejuízo que a cidade vai sofrer. Porque em um determinado momento o sistema terá que ser retomado pelo município, com a demonstração de que a privatização foi um fracasso e as metas não foram cumpridas. O volume de recursos necessários é muito alto e os investimentos não vão acontecer no ritmo que precisamos, se é que vão acontecer. Eu defendo a retomada, e defendi na campanha, porque em janeiro deste ano teríamos menos de um ano da gestão privada no saneamento, e seria um prejuízo mínimo para o município. Quanto mais tempo passa, maior o prejuízo no processo de retomada, e mais tempo a população sofre. Quem fala hoje dos problemas de saneamento não sou eu. Quem fala é o Sinduscon (Sindicato das Indústrias da Construção), que está com dificuldade de expandir investimentos no ramo imobiliário por falta de investimento no saneamento. O senador Blairo Maggi (PR) falou esta semana sobre a CAB retardar algumas obras da Copa do Mundo. E tudo isso em um momento do nosso país que tem recurso de sobra para investir nisso. Rondonópolis acessou os recursos do PAC 1, prestou contas, recebeu recursos do PAC 2 e já está realizando as obras, e em menos de dois anos terá 100% de esgoto coletado e tratado. O prefeito de Rondonópolis [Percival Muniz, do PPS], que é de um partido de oposição ao Governo Federal, defende a reeleição da presidenta Dilma. Cuiabá poderia ter utilizado esses recursos, ainda pode, e não utiliza porque o sistema está privatizado.
Lúdio Cabral - Sim. Manter o modelo de concessão a uma empresa privada é manter a precariedade do serviço e retardar os investimentos, além de ampliar o prejuízo que a cidade vai sofrer. Porque em um determinado momento o sistema terá que ser retomado pelo município, com a demonstração de que a privatização foi um fracasso e as metas não foram cumpridas. O volume de recursos necessários é muito alto e os investimentos não vão acontecer no ritmo que precisamos, se é que vão acontecer. Eu defendo a retomada, e defendi na campanha, porque em janeiro deste ano teríamos menos de um ano da gestão privada no saneamento, e seria um prejuízo mínimo para o município. Quanto mais tempo passa, maior o prejuízo no processo de retomada, e mais tempo a população sofre. Quem fala hoje dos problemas de saneamento não sou eu. Quem fala é o Sinduscon (Sindicato das Indústrias da Construção), que está com dificuldade de expandir investimentos no ramo imobiliário por falta de investimento no saneamento. O senador Blairo Maggi (PR) falou esta semana sobre a CAB retardar algumas obras da Copa do Mundo. E tudo isso em um momento do nosso país que tem recurso de sobra para investir nisso. Rondonópolis acessou os recursos do PAC 1, prestou contas, recebeu recursos do PAC 2 e já está realizando as obras, e em menos de dois anos terá 100% de esgoto coletado e tratado. O prefeito de Rondonópolis [Percival Muniz, do PPS], que é de um partido de oposição ao Governo Federal, defende a reeleição da presidenta Dilma. Cuiabá poderia ter utilizado esses recursos, ainda pode, e não utiliza porque o sistema está privatizado.
MidiaNews
- O senhor não vê nenhum mérito na atual gestão na Prefeitura de Cuiabá?
Lúdio Cabral - Tem duas áreas que, na minha opinião, foram feitas boas escolhas: na área de Assistência Social e de Infraestrutura. Mas há um erro estrutural nas ações, que é fazer asfalto sem saneamento, o que também significa prejuízo. O prefeito mudou o nome do programa Poeira Zero e continua o processo de expansão da pavimentação, mas mantém o problema de saneamento sem solução, exatamente porque essa tarefa não está sob responsabilidade da prefeitura.
MidiaNews - Agora que passou o turbilhão, que avaliação o senhor faz da disputa pela Prefeitura de Cuiabá em 2012? O que isso significou na sua vida?
Lúdio Cabral - Foi um presente que eu recebi, que eu levo para a vida. Foi uma experiência muito bonita. Quando eu comecei, ninguém acreditava que eu conseguiria ser candidato no PT, com os problemas que vivemos, o fato de eu ter sofrido um processo disciplinar. Era um projeto quase quixotesco. E enfrentei um adversário que parecia imbatível, pois o Mauro Mendes tinha quase 70% dos votos válidos nas pesquisas. E aí começamos a campanha e começamos a crescer, crescer, conquistando o coração e a consciência das pessoas. Quando começou o programa na TV, crescíamos 1% ao dia, e o adversário só caía. Chegamos às vésperas da eleição com chances reais de ganhar no primeiro turno.
MidiaNews - Na sua opinião, por que Mauro Mendes ganhou?
Lúdio Cabral - Nós só acertamos no primeiro turno, e até hoje está sem explicação como se deu o resultado de ele ter ficado em primeiro lugar. Alguma coisa aconteceu nas noites de sexta-feira e sábado antes das eleições. Se olharmos para o começo da campanha e o resultado do primeiro turno, nossa vitória foi impressionante. Só que o clima das pessoas na campanha era de vitória no primeiro turno. Eu estava preparado para um segundo turno, mas para a militância foi um baque. Houve um sentimento de frustração no começo do segundo turno. E o adversário, ao contrário, se animou e começou um processo de mobilização mais intenso, ganhou as ruas na nossa frente. Acho que nosso erro foi ter mantido o mesmo tom da campanha do primeiro turno, de apresentação de propostas. A eleição de segundo turno não é isso; é contraste. A população tem que olhar para os dois candidatos e decidir quem é melhor, então é a diferença entre eles que tem que ser trabalhada. Não fizemos isso. Continuamos apresentando propostas, quando deveríamos dizer que as pessoas iriam escolher entre o patrão e o trabalhador.
Lúdio Cabral - Tem duas áreas que, na minha opinião, foram feitas boas escolhas: na área de Assistência Social e de Infraestrutura. Mas há um erro estrutural nas ações, que é fazer asfalto sem saneamento, o que também significa prejuízo. O prefeito mudou o nome do programa Poeira Zero e continua o processo de expansão da pavimentação, mas mantém o problema de saneamento sem solução, exatamente porque essa tarefa não está sob responsabilidade da prefeitura.
MidiaNews - Agora que passou o turbilhão, que avaliação o senhor faz da disputa pela Prefeitura de Cuiabá em 2012? O que isso significou na sua vida?
Lúdio Cabral - Foi um presente que eu recebi, que eu levo para a vida. Foi uma experiência muito bonita. Quando eu comecei, ninguém acreditava que eu conseguiria ser candidato no PT, com os problemas que vivemos, o fato de eu ter sofrido um processo disciplinar. Era um projeto quase quixotesco. E enfrentei um adversário que parecia imbatível, pois o Mauro Mendes tinha quase 70% dos votos válidos nas pesquisas. E aí começamos a campanha e começamos a crescer, crescer, conquistando o coração e a consciência das pessoas. Quando começou o programa na TV, crescíamos 1% ao dia, e o adversário só caía. Chegamos às vésperas da eleição com chances reais de ganhar no primeiro turno.
MidiaNews - Na sua opinião, por que Mauro Mendes ganhou?
Lúdio Cabral - Nós só acertamos no primeiro turno, e até hoje está sem explicação como se deu o resultado de ele ter ficado em primeiro lugar. Alguma coisa aconteceu nas noites de sexta-feira e sábado antes das eleições. Se olharmos para o começo da campanha e o resultado do primeiro turno, nossa vitória foi impressionante. Só que o clima das pessoas na campanha era de vitória no primeiro turno. Eu estava preparado para um segundo turno, mas para a militância foi um baque. Houve um sentimento de frustração no começo do segundo turno. E o adversário, ao contrário, se animou e começou um processo de mobilização mais intenso, ganhou as ruas na nossa frente. Acho que nosso erro foi ter mantido o mesmo tom da campanha do primeiro turno, de apresentação de propostas. A eleição de segundo turno não é isso; é contraste. A população tem que olhar para os dois candidatos e decidir quem é melhor, então é a diferença entre eles que tem que ser trabalhada. Não fizemos isso. Continuamos apresentando propostas, quando deveríamos dizer que as pessoas iriam escolher entre o patrão e o trabalhador.
MidiaNews - E em função do que o senhor conquistou
nessa campanha, de ter chegado ao segundo turno após uma eleição totalmente
polarizada, admite ser candidato a prefeito nas eleições de 2016?
Lúdio Cabral - Admito. O que construímos na campanha de 2012, o acolhimento que recebi das pessoas, traz para mim essa responsabilidade e motivação para voltar a disputar. Uma parcela importante da população cuiabana quer me ver prefeito de Cuiabá e eu quero cumprir essa tarefa. E farei isso com muito gosto. Pode ser em 2016. É lógico que tem muito tempo daqui até lá, e a conjuntura pode mudar. Na minha opinião, o PT tem que disputar novamente a Prefeitura de Cuiabá, e hoje o candidato natural do PT seria eu. Mas assim como o meu nome se consolidou para 2012, daqui até lá podemos ter outros nomes. A eleição de 2016 vai ser uma avaliação do mandato do atual prefeito, e terá um cenário de disputa polarizada novamente.
MidiaNews - O senhor passou oito anos como vereador em Cuiabá. Como vê a atuação da Câmara Municipal hoje?
Lúdio Cabral - A Câmara tem uma capacidade impressionante de produzir novidades negativas para a política em Cuiabá. Quando você pensa que tudo aconteceu, acontece uma coisa nova. Mas isso é da natureza do processo político na nossa cidade. A população elegeu 25 vereadores, e uma parcela deles atua com compromisso e qualidade, outra parcela mantém os hábitos clientelísticos de subordinação à vontade do prefeito. Houve um momento em que havia uma oposição articulada que cumpria a tarefa de fiscalização. Mas houve muita interferência do Poder Executivo sobre a Câmara, exatamente por essa correlação de forças que favorecia a oposição. A disputa da Mesa Diretora com a Prefeitura, da forma como vem ocorrendo, prejudica a população, porque não se pauta os problemas da cidade, mas sim os interesses de grupos políticos. A CPI é um instrumento muito valioso, o mais importante instrumento de fiscalização do Parlamento e tem que ser utilizada com muito cuidado e zelo. Tivemos um momento em que a disputa entre Executivo e Legislativo ficou tão acirrada que foram apresentadas cinco propostas de CPI ao mesmo tempo, banalizando esse instrumento e demonstrando uma disputa de poder, um grupo tentando submeter o outro à sua vontade. Falou capacidade de diálogo entre os lados.
Lúdio Cabral - Admito. O que construímos na campanha de 2012, o acolhimento que recebi das pessoas, traz para mim essa responsabilidade e motivação para voltar a disputar. Uma parcela importante da população cuiabana quer me ver prefeito de Cuiabá e eu quero cumprir essa tarefa. E farei isso com muito gosto. Pode ser em 2016. É lógico que tem muito tempo daqui até lá, e a conjuntura pode mudar. Na minha opinião, o PT tem que disputar novamente a Prefeitura de Cuiabá, e hoje o candidato natural do PT seria eu. Mas assim como o meu nome se consolidou para 2012, daqui até lá podemos ter outros nomes. A eleição de 2016 vai ser uma avaliação do mandato do atual prefeito, e terá um cenário de disputa polarizada novamente.
MidiaNews - O senhor passou oito anos como vereador em Cuiabá. Como vê a atuação da Câmara Municipal hoje?
Lúdio Cabral - A Câmara tem uma capacidade impressionante de produzir novidades negativas para a política em Cuiabá. Quando você pensa que tudo aconteceu, acontece uma coisa nova. Mas isso é da natureza do processo político na nossa cidade. A população elegeu 25 vereadores, e uma parcela deles atua com compromisso e qualidade, outra parcela mantém os hábitos clientelísticos de subordinação à vontade do prefeito. Houve um momento em que havia uma oposição articulada que cumpria a tarefa de fiscalização. Mas houve muita interferência do Poder Executivo sobre a Câmara, exatamente por essa correlação de forças que favorecia a oposição. A disputa da Mesa Diretora com a Prefeitura, da forma como vem ocorrendo, prejudica a população, porque não se pauta os problemas da cidade, mas sim os interesses de grupos políticos. A CPI é um instrumento muito valioso, o mais importante instrumento de fiscalização do Parlamento e tem que ser utilizada com muito cuidado e zelo. Tivemos um momento em que a disputa entre Executivo e Legislativo ficou tão acirrada que foram apresentadas cinco propostas de CPI ao mesmo tempo, banalizando esse instrumento e demonstrando uma disputa de poder, um grupo tentando submeter o outro à sua vontade. Falou capacidade de diálogo entre os lados.
MidiaNews - A Câmara melhorou ou piorou em relação ao que
era quando o senhor foi vereador?
Lúdio Cabral - Não dá para dizer que é uma Câmara melhor ou pior. Mantém muitas características de outras legislaturas, e viveu a oportunidade de ter um equilíbrio maior de forças, de ter uma oposição com mais poder para fiscalizar. No meu período, nunca alcançamos sete assinaturas para instalar CPI. Neste ano, houve momentos em que a oposição tinha número suficiente para isso. Mas a disputa do poder e a tensão entre os dois lados fez com que esses instrumentos não fossem utilizados com a tranquilidade que eles devem ser utilizados. O prefeito não pode ter medo da Câmara, e a Câmara não pode nem abaixar a cabeça, nem inviabilizar o trabalho do Executivo.
MidiaNews - Sente falta de ser vereador?
Lúdio Cabral - Foi uma experiência muito positiva para minha vida, foram oito anos de dedicação integral, muita luta e aprendizado. Mas é um ciclo que se encerrou. Tenho boas recordações, mas não tenho vontade de voltar à Câmara.
MidiaNews - O que tem feito nesses dez meses após deixar o mandato de vereador?
Lúdio Cabral - Não dá para dizer que é uma Câmara melhor ou pior. Mantém muitas características de outras legislaturas, e viveu a oportunidade de ter um equilíbrio maior de forças, de ter uma oposição com mais poder para fiscalizar. No meu período, nunca alcançamos sete assinaturas para instalar CPI. Neste ano, houve momentos em que a oposição tinha número suficiente para isso. Mas a disputa do poder e a tensão entre os dois lados fez com que esses instrumentos não fossem utilizados com a tranquilidade que eles devem ser utilizados. O prefeito não pode ter medo da Câmara, e a Câmara não pode nem abaixar a cabeça, nem inviabilizar o trabalho do Executivo.
MidiaNews - Sente falta de ser vereador?
Lúdio Cabral - Foi uma experiência muito positiva para minha vida, foram oito anos de dedicação integral, muita luta e aprendizado. Mas é um ciclo que se encerrou. Tenho boas recordações, mas não tenho vontade de voltar à Câmara.
MidiaNews - O que tem feito nesses dez meses após deixar o mandato de vereador?
Lúdio Cabral - Tenho me dedicado à
Medicina na Saúde Pública. Atendo no Centro de Saúde do Tijucal. E tenho
dedicado uma parte do meu tempo ao partido, pois minha responsabilidade com o
PT aumentou após as eleições do ano passado. Tenho feito visitas a municípios
do interior, dialogado com a militância, preparado o partido para as eleições
do ano que vem.
MidiaNews - Qual a situação da unidade de saúde que o senhor trabalha? Falta alguma coisa?
Lúdio Cabral - O Centro de Saúde do Tijucal é responsável por atender uma população de mais de 30 mil habitantes. Ele deveria ter no mínimo 10 médicos atendendo no regime de 20 horas, e tem só três. Com as mesmas dificuldades de infraestruturas de sempre. Meu consultório não tem lâmpada há mais de um mês. É frequente trabalhar sem receituário, ter que improvisar. Lá na ponta do sistema de saúde, na atenção primária, problemas muito simples persistem.
MidiaNews - O prefeito Mauro Mendes criou a Empresa Cuiabana de Saúde sob o argumento de que, com isso, poderia acessar mais recursos do Ministério da Saúde. Como o senhor vê a criação dessa empresa pública?
Lúdio Cabral - Um equívoco desnecessário. Não é essa mudança de modelo gerencial que vai resolver os problemas da saúde. E não é uma exigência do Ministério da Saúde para acesso a qualquer tipo de recurso. Essa empresa não tem razão de existir. Aparentemente, ela vai substituir a Secretaria de Saúde, não sei se em só um nível de atenção ou se em todo o sistema de saúde. E servirá para criar vínculos mais precários de trabalho, inclusive com contratação de trabalhadores como pessoa jurídica. Isso fragmenta a lógica de funcionamento do sistema de saúde. E dependendo do formato das contratações que ela fizer, pode se tornar um cabide de emprego. Vai servir também para facilitar a relação contratual com as empresas contratadas. Como é uma empresa pública, vai ter que fazer licitação. Mas no regime de gerenciamento direto pelo município, depende de aprovação do Conselho Municipal de Saúde, e há uma dinâmica de controle social para que tudo seja aprovado.
MidiaNews - Qual a situação da unidade de saúde que o senhor trabalha? Falta alguma coisa?
Lúdio Cabral - O Centro de Saúde do Tijucal é responsável por atender uma população de mais de 30 mil habitantes. Ele deveria ter no mínimo 10 médicos atendendo no regime de 20 horas, e tem só três. Com as mesmas dificuldades de infraestruturas de sempre. Meu consultório não tem lâmpada há mais de um mês. É frequente trabalhar sem receituário, ter que improvisar. Lá na ponta do sistema de saúde, na atenção primária, problemas muito simples persistem.
MidiaNews - O prefeito Mauro Mendes criou a Empresa Cuiabana de Saúde sob o argumento de que, com isso, poderia acessar mais recursos do Ministério da Saúde. Como o senhor vê a criação dessa empresa pública?
Lúdio Cabral - Um equívoco desnecessário. Não é essa mudança de modelo gerencial que vai resolver os problemas da saúde. E não é uma exigência do Ministério da Saúde para acesso a qualquer tipo de recurso. Essa empresa não tem razão de existir. Aparentemente, ela vai substituir a Secretaria de Saúde, não sei se em só um nível de atenção ou se em todo o sistema de saúde. E servirá para criar vínculos mais precários de trabalho, inclusive com contratação de trabalhadores como pessoa jurídica. Isso fragmenta a lógica de funcionamento do sistema de saúde. E dependendo do formato das contratações que ela fizer, pode se tornar um cabide de emprego. Vai servir também para facilitar a relação contratual com as empresas contratadas. Como é uma empresa pública, vai ter que fazer licitação. Mas no regime de gerenciamento direto pelo município, depende de aprovação do Conselho Municipal de Saúde, e há uma dinâmica de controle social para que tudo seja aprovado.
MidiaNews - Como o senhor avalia a gestão do secretário
Kamil Fares (PDT) à frente da Secretaria Municipal de Saúde?
Lúdio Cabral - É uma gestão liberal e privatista. A criação da empresa é só uma expressão disso, pois ele constitui uma personalidade jurídica para tentar implementar com mais facilidade essa visão. E o sistema funciona dentro de uma lógica que valoriza a doença, a urgência, e a dependência da alta complexidade, localizada especialmente na rede privada. Mas ele não inventou nada disso, é um modelo na saúde pública de Cuiabá que persiste há muito tempo. O desenho do nosso sistema de saúde não sofreu nenhuma alteração. A única novidade positiva este ano foi a inauguração da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Morada do Ouro, que deveria estar funcionando há três anos.
MidiaNews - O que tem que ser feito em termos de gestão para melhorar?
Lúdio Cabral - Tem que ser feita uma aposta radical na atenção primária à Saúde – atendimento nas comunidades, prevenção – e na valorização aos trabalhadores, por meio da melhoria da remuneração, garantia de carreira com progressão, e condições adequadas de trabalho. Os sistemas de saúde que têm dado certo no Brasil partem dessa premissa. Por exemplo, um terço da população adulta tem hipertensão, e isso é controlável com acompanhamento médico, acesso a exames simples de laboratório e eletrocardiograma, com acompanhamento com nutricionista, professor de educação física e até psicólogo. A ausência disso gera complicações que vão demandar leito de UTI e terapias de mais complexidade.
MidiaNews - Para fazer tudo isso precisa de mais dinheiro ou simplesmente de remanejar os recursos existentes?
Lúdio Cabral - Precisa utilizar melhor o recurso que tem hoje, mas precisa também buscar mais recursos. No Ministério da Saúde existe o programa do Núcleo de Apoio à Saúde da Família, por exemplo.
MidiaNews - O senhor já definiu para qual cargo vai se candidatar nas eleições de 2014?
Lúdio Cabral - Eu fiquei até julho debatendo isso internamente com o PT, e amadurecemos a minha candidatura a deputado federal. Vou fazer campanha junto com o Ságuas [Moraes], com expectativa de ampliar a bancada do PT de Mato Grosso na Câmara Federal, que hoje só tem ele. Quero contribuir com alguns temas como a Saúde Pública e o Saneamento. O SUS (Sistema Único de Saúde) completa 25 anos em um momento de muita tensão no país e muitas iniciativas de natureza privatizante, que estão fragmentando o sistema. As OSS (Organizações Sociais de Saúde) são um exemplo bem forte desse caminho que privatiza, fragmenta e não resolve. Quero trabalhar para aperfeiçoar a legislação e lutar pela melhoria da qualidade de vida da população, além de representar os movimentos sociais e a luta dos trabalhadores de modo geral no Estado. E contribuir para a reeleição da Dilma. Nossa estratégia prioritária é conseguir filiar o juiz federal Julier Sebastião da Silva no PT, para que ele seja nosso candidato a governador e do arco de alianças que vai sustentar a campanha de reeleição da Dilma. Se não conseguirmos concretizar essa estratégia, e o PT precisar, estou pronto para disputar um cargo majoritário também, para o Governo do Estado ou Senado.
Lúdio Cabral - É uma gestão liberal e privatista. A criação da empresa é só uma expressão disso, pois ele constitui uma personalidade jurídica para tentar implementar com mais facilidade essa visão. E o sistema funciona dentro de uma lógica que valoriza a doença, a urgência, e a dependência da alta complexidade, localizada especialmente na rede privada. Mas ele não inventou nada disso, é um modelo na saúde pública de Cuiabá que persiste há muito tempo. O desenho do nosso sistema de saúde não sofreu nenhuma alteração. A única novidade positiva este ano foi a inauguração da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Morada do Ouro, que deveria estar funcionando há três anos.
MidiaNews - O que tem que ser feito em termos de gestão para melhorar?
Lúdio Cabral - Tem que ser feita uma aposta radical na atenção primária à Saúde – atendimento nas comunidades, prevenção – e na valorização aos trabalhadores, por meio da melhoria da remuneração, garantia de carreira com progressão, e condições adequadas de trabalho. Os sistemas de saúde que têm dado certo no Brasil partem dessa premissa. Por exemplo, um terço da população adulta tem hipertensão, e isso é controlável com acompanhamento médico, acesso a exames simples de laboratório e eletrocardiograma, com acompanhamento com nutricionista, professor de educação física e até psicólogo. A ausência disso gera complicações que vão demandar leito de UTI e terapias de mais complexidade.
MidiaNews - Para fazer tudo isso precisa de mais dinheiro ou simplesmente de remanejar os recursos existentes?
Lúdio Cabral - Precisa utilizar melhor o recurso que tem hoje, mas precisa também buscar mais recursos. No Ministério da Saúde existe o programa do Núcleo de Apoio à Saúde da Família, por exemplo.
MidiaNews - O senhor já definiu para qual cargo vai se candidatar nas eleições de 2014?
Lúdio Cabral - Eu fiquei até julho debatendo isso internamente com o PT, e amadurecemos a minha candidatura a deputado federal. Vou fazer campanha junto com o Ságuas [Moraes], com expectativa de ampliar a bancada do PT de Mato Grosso na Câmara Federal, que hoje só tem ele. Quero contribuir com alguns temas como a Saúde Pública e o Saneamento. O SUS (Sistema Único de Saúde) completa 25 anos em um momento de muita tensão no país e muitas iniciativas de natureza privatizante, que estão fragmentando o sistema. As OSS (Organizações Sociais de Saúde) são um exemplo bem forte desse caminho que privatiza, fragmenta e não resolve. Quero trabalhar para aperfeiçoar a legislação e lutar pela melhoria da qualidade de vida da população, além de representar os movimentos sociais e a luta dos trabalhadores de modo geral no Estado. E contribuir para a reeleição da Dilma. Nossa estratégia prioritária é conseguir filiar o juiz federal Julier Sebastião da Silva no PT, para que ele seja nosso candidato a governador e do arco de alianças que vai sustentar a campanha de reeleição da Dilma. Se não conseguirmos concretizar essa estratégia, e o PT precisar, estou pronto para disputar um cargo majoritário também, para o Governo do Estado ou Senado.
MidiaNews - Se o juiz Julier não for para o PT, então o
“plano B” é o seu nome. Existem outros possíveis candidatos majoritários?
Lúdio Cabral - Temos vários nomes no PT em condições de nos representar, como Carlos Abicalil, Alexandre César, Ságuas Moraes. Mas eu já disse ao PT que, se houver necessidade, eu estou pronto para cumprir essa tarefa. Fui o único que me coloquei à disposição até agora.
MidiaNews - Se ele se filiar a um partido aliado, como o PMDB, o PT pode apoiá-lo?
Lúdio Cabral - A prioridade é ter um candidato ao Governo do PT. E esse processo de vinda do Julier para o PT está bem maduro. Ele começou a trajetória pública dele como militante do PT, foi advogado da Comissão Pastoral da Terra e secretário-geral do PT em Mato Grosso. Depois foi para a magistratura, que exige a desfiliação. Por isso nossa convicção que se ele voltar à política, virá para o PT. E como juiz ele tem grande serviço prestado à população do Estado.
MidiaNews - O PT admite lançar o juiz Julier a outro cargo, como senador?
Lúdio Cabral - A filiação dele seria para a disputa ao Governo do Estado. No PT isso está bem amadurecido e no diálogo com os partidos do arco de alianças, como PMDB, PSD e PR, avançamos para consolidar isso.
MidiaNews - Que qualidades o senhor vê no juiz que o capacitam a disputar? Alguém que nunca disputou uma eleição, nunca gerenciou nada, teria condições de fazer uma boa gestão no Governo do Estado?
Lúdio Cabral - O que conta é a trajetória política das pessoas, mesmo não tendo exercido nenhum cargo eletivo. Em minha opinião, o Julier está preparado. A comparação que eu faço é com a trajetória do Lula, que nunca tinha exercido um cargo executivo antes de ser presidente.
Lúdio Cabral - Temos vários nomes no PT em condições de nos representar, como Carlos Abicalil, Alexandre César, Ságuas Moraes. Mas eu já disse ao PT que, se houver necessidade, eu estou pronto para cumprir essa tarefa. Fui o único que me coloquei à disposição até agora.
MidiaNews - Se ele se filiar a um partido aliado, como o PMDB, o PT pode apoiá-lo?
Lúdio Cabral - A prioridade é ter um candidato ao Governo do PT. E esse processo de vinda do Julier para o PT está bem maduro. Ele começou a trajetória pública dele como militante do PT, foi advogado da Comissão Pastoral da Terra e secretário-geral do PT em Mato Grosso. Depois foi para a magistratura, que exige a desfiliação. Por isso nossa convicção que se ele voltar à política, virá para o PT. E como juiz ele tem grande serviço prestado à população do Estado.
MidiaNews - O PT admite lançar o juiz Julier a outro cargo, como senador?
Lúdio Cabral - A filiação dele seria para a disputa ao Governo do Estado. No PT isso está bem amadurecido e no diálogo com os partidos do arco de alianças, como PMDB, PSD e PR, avançamos para consolidar isso.
MidiaNews - Que qualidades o senhor vê no juiz que o capacitam a disputar? Alguém que nunca disputou uma eleição, nunca gerenciou nada, teria condições de fazer uma boa gestão no Governo do Estado?
Lúdio Cabral - O que conta é a trajetória política das pessoas, mesmo não tendo exercido nenhum cargo eletivo. Em minha opinião, o Julier está preparado. A comparação que eu faço é com a trajetória do Lula, que nunca tinha exercido um cargo executivo antes de ser presidente.
MidiaNews - Como o senhor avalia o governo de Silval
Barbosa (PMDB)?
Lúdio Cabral - É um governo que fez duas escolhas: a Copa do Mundo e avançar um pouco mais na infraestrutura logística no interior, e o retrato disso é o MT Integrado. Mas errou em outras áreas. Saúde é onde o governo mais pecou. Infelizmente não temos política de saúde no Estado. É um sistema que não tem rumo. Funciona precariamente, sem planejamento, sem visão de longo prazo, sem articulação dos serviços. Os erros foram na escolha da condução da Secretaria de Saúde e do modelo que foi adotado. Essa ideia que as OSS iriam salvar a gestão da Saúde no Estado comprometeu tudo. Agora tem que começar do zero. Preparar uma transição para que, por exemplo, num prazo de seis meses, sejam rescindidos os contratos e preparados um novo modelo.
MidiaNews - É difícil fazer isso?
Lúdio Cabral - Não é difícil. Porém, todas as vezes que eu conversei com o governador Silval, ele sempre disse que acreditava no modelo de OSS. É a convicção dele. Mas nem as próprias OSS estão conseguindo os aportes de recursos previstos nos contratos. É um modelo que se esgota, é muito caro, e prevê repasses estáveis, com margem de 10% de redução caso as metas não sejam cumpridas. E em função da dificuldade financeira do Estado, as próprias OSS sofrem com atrasos. Então tem que haver uma mudança de modelo, e eu acho que tem que ser a administração direta. O Estado tem um quadro de servidores muito qualificados para fazer a gestão da Saúde, e estão sendo mal aproveitados.
Lúdio Cabral - É um governo que fez duas escolhas: a Copa do Mundo e avançar um pouco mais na infraestrutura logística no interior, e o retrato disso é o MT Integrado. Mas errou em outras áreas. Saúde é onde o governo mais pecou. Infelizmente não temos política de saúde no Estado. É um sistema que não tem rumo. Funciona precariamente, sem planejamento, sem visão de longo prazo, sem articulação dos serviços. Os erros foram na escolha da condução da Secretaria de Saúde e do modelo que foi adotado. Essa ideia que as OSS iriam salvar a gestão da Saúde no Estado comprometeu tudo. Agora tem que começar do zero. Preparar uma transição para que, por exemplo, num prazo de seis meses, sejam rescindidos os contratos e preparados um novo modelo.
MidiaNews - É difícil fazer isso?
Lúdio Cabral - Não é difícil. Porém, todas as vezes que eu conversei com o governador Silval, ele sempre disse que acreditava no modelo de OSS. É a convicção dele. Mas nem as próprias OSS estão conseguindo os aportes de recursos previstos nos contratos. É um modelo que se esgota, é muito caro, e prevê repasses estáveis, com margem de 10% de redução caso as metas não sejam cumpridas. E em função da dificuldade financeira do Estado, as próprias OSS sofrem com atrasos. Então tem que haver uma mudança de modelo, e eu acho que tem que ser a administração direta. O Estado tem um quadro de servidores muito qualificados para fazer a gestão da Saúde, e estão sendo mal aproveitados.
MidiaNews - Como o senhor vê a situação das obras da Copa
em Cuiabá e Várzea Grande, que estão atrasadas e com denúncias de sobrepreço?
Lúdio Cabral - Cuiabá, num espaço de três anos, está vivendo a oportunidade de resgatar 30 anos de ausência de investimentos na infraestrutura urbana. A população está sofrendo muito, mas é porque o volume de obras é muito grande. Os problemas de demora, de atraso, são um ônus decorrente não do fato de as obras estarem acontecendo, mas do fato de elas não terem acontecido antes. As intervenções na Miguel Sutil foram projetadas na década de 90. Então veio Copa do Mundo e a oportunidade de resgatar o tempo perdido, mas a falta de costume com obras desse porte gerou essa situação de elas acontecerem de forma mais desorganizada.
MidiaNews - O que está acontecendo então não é culpa do governador Silval nem da Secopa?
Lúdio Cabral - Não se trata de culpar ninguém, se trata de identificar todos os problemas e colocar todas as instituições públicas para cumprir sua tarefa. É negativa a notícia de que as cadeiras da Arena Pantanal são superfaturadas, mas é positivo existir uma instituição que identifica o problema e o corrige. O problema é que há um sentimento na população de que, com a Copa do Mundo, o país consegue encontrar recursos para fazer os investimentos exigidos para o evento. Então por que não faz isso na Saúde, na Educação? Esse sentimento é o que, em minha opinião, mobilizou o país em julho. E isso vai exigir dos partidos e de quem for disputar a eleição no ano que vem a consciência que o país precisa dar um salto para melhorar esses serviços.
Lúdio Cabral - Cuiabá, num espaço de três anos, está vivendo a oportunidade de resgatar 30 anos de ausência de investimentos na infraestrutura urbana. A população está sofrendo muito, mas é porque o volume de obras é muito grande. Os problemas de demora, de atraso, são um ônus decorrente não do fato de as obras estarem acontecendo, mas do fato de elas não terem acontecido antes. As intervenções na Miguel Sutil foram projetadas na década de 90. Então veio Copa do Mundo e a oportunidade de resgatar o tempo perdido, mas a falta de costume com obras desse porte gerou essa situação de elas acontecerem de forma mais desorganizada.
MidiaNews - O que está acontecendo então não é culpa do governador Silval nem da Secopa?
Lúdio Cabral - Não se trata de culpar ninguém, se trata de identificar todos os problemas e colocar todas as instituições públicas para cumprir sua tarefa. É negativa a notícia de que as cadeiras da Arena Pantanal são superfaturadas, mas é positivo existir uma instituição que identifica o problema e o corrige. O problema é que há um sentimento na população de que, com a Copa do Mundo, o país consegue encontrar recursos para fazer os investimentos exigidos para o evento. Então por que não faz isso na Saúde, na Educação? Esse sentimento é o que, em minha opinião, mobilizou o país em julho. E isso vai exigir dos partidos e de quem for disputar a eleição no ano que vem a consciência que o país precisa dar um salto para melhorar esses serviços.
fonte: http://midianews.com.br/conteudo.php?sid=266&cid=176415
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