12 de março de 2015

Artigo: Meu olhar sobre a crise.

Primeiro, em relação à economia.
O primeiro mandato da Dilma aplicou políticas públicas para conter a crise internacional no Brasil e conseguiu isso com injeção de recursos públicos na economia e desoneração de impostos para diversos setores da economia, assegurando a ampliação dos níveis de emprego e renda da população brasileira.

Nesse segundo mandato, a opção inicial do governo Dilma vai no caminho inverso com o ajuste fiscal anunciado que restringe o acesso a direitos trabalhistas, reverte parte das desonerações do período anterior e busca a redução de gastos públicos. Estou entre os que discordam desse caminho atual. Defendo no PT e no debate da crise que devemos avançar em uma política tributária progressiva e redistributiva da renda nacional, por exemplo, com a adoção do imposto sobre as grandes fortunas, com o reordenamento da tabela do imposto de renda, criando novas alíquotas, menores para os que ganham menos e maiores para os que ganham demais, além da taxação do sistema financeiro.

Segundo, em relação à corrupção.
Defendo a punição de todos os corruptos e corruptores na Petrobrás e em qualquer instituição pública. A corrupção na Petrobrás é do tipo que os estudiosos chamam de corrupção estrutural e não nasceu no governo do PT, embora infelizmente tenha se mantido no período em que o PT governa o Brasil. Por outro lado, tem sido durante os governos petistas que a corrupção está sendo investigada. Episódios como o 'mensalão' não teriam sido investigados e punidos na vigência de governos anteriores aos governos petistas.

Terceiro, em relação à política.
É fato que as forças políticas de direita derrotadas na eleição presidencial de 2014 estão se aproveitando do mal momento da economia, das investigações da corrupção na Petrobrás e das medidas impopulares anunciadas pelo governo Dilma para flertar com o golpismo. Perderam no voto e agora alimentam a ideia do impeachment. De duas, uma: sangrar o governo e deixá-lo de joelhos em definitivo para o neoliberalismo ou tirar o PT do governo federal para eles mesmos aplicarem o receituário conservador (combate à corrupção, que nada).

Quarto: uma das principais raízes da corrupção em nosso país é o financiamento privado de campanhas eleitorais.
Precisamos de uma reforma política com a proibição definitiva do financiamento empresarial de campanha eleitorais. O STF está julgando inconstitucional esse modelo de financiamento (6 a 1 na votação até agora), mas o ministro Gilmar Mendes está há mais de 300 dias com o processo em suas mãos para vistas e o julgamento está paralisado. Precisamos de uma constituinte exclusiva para fazer uma reforma política profunda e verdadeira. E na constituinte, defendo a proposta conjunta da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Confederação Nacional dos BIspos do Brasil (CNBB) e do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) como base para o debate nacional.

Quinto: interesses econômicos dos norte-americanos estão de olho grande no pré-sal e contrários à opção do governo petista em adotar o modelo de partilha para a sua exploração e priorizar uma aliança estratégica geopolítica com a China e a Rússia.
Quem puder leia o seguinte artigo: http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2014/12/eua-ja-agem-para-derrubar-dilma-rousseff.html?spref=tw&m=1

Por fim, se em nossa constituição houvesse a possibilidade do recall dos governantes, esta uma excelente proposta a constar da reforma política, esse seria o caminho correto a ser utilizado no tempo certo para quem não quer mais um governante no poder, pois o povo decidiria soberanamente por meio do voto direto e, com o mandatário afastado, novas eleições seriam convocadas. O impeachment da presidente Dilma hoje só interessa mesmo a quem quer fragilizar o estado brasileiro e provocar instabilidade politica, econômica e social em nosso país, instrumentalizando-se a partir do descontentamento legítimo de uns e do ódio e do preconceito de outros.
Essa é minha leitura da realidade. Aberta ao debate.

Lúdio Cabral é médico sanitarista e filiado ao Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso.

27 de outubro de 2014

A bola é minha! Se eu não jogar ninguém joga. - Artigo

Por Alexandre Cândido de Oliveira Campos

Desde muito pequeno a gente se depara com questões de democracia.
Quantas vezes já não vimos aquela criança de família de boas finanças ao perder uma partida de "estirão" (se lembram disso?) cancelar a brincadeira com a célebre frase. "A bola é minha. Se eu não jogar ninguém joga"?
Porém, na maioria das vezes chegávamos a algum acordo e a brincadeira continuava. Exceto quando xingavam a mãe, aí eram braços e pernas e até pedradas. No dia seguinte estávamos brincando de novo.
Mas eram desde esses momentos tenros da vida que começávamos a aprender as regras da convivência em grupo. Na Rua o dono da bola (que também usava chuteiras) tinha os mesmos direitos daquele outro menino que nunca tivera uma bola melhor que um pequeno frasco de danup recheado de papéis.
As regras eram fáceis de se decifrar: emprestar a bola para o jogo e depois tomar de volta quando o time estivesse perdendo era errado. A punição era grave: ninguém brincava mais com ele até que emprestasse a bola de novo. Era preciso saber perder. Xingar a mãe era mais errado ainda e a punição sempre resultava em hematomas.
Aí surgiram os meninos de apartamento e depois os meninos do vídeo-game. Também tinham regras entre eles, mas nenhuma interação social com outras crianças de famílias mais pobres.
Esses meninos são da geração sem limites. Eles cresceram e hoje diante de um Brasil voltado para os meninos que brincavam na rua sem chuteiras, não conseguem aceitar a dura realidade: há limites para seus desejos pessoais.
O jogo acabou, a bola não é de vocês, ou respeitem as regras das ruas, ou voltem para o play.
E, por favor, não ofendam a Dilma, nossa mãe.


18 de outubro de 2014

Velha Maria



VELHA MARIA
(Che Guevara, Argentina, 1928-1967)



 Velha Maria, vais morrer:
Quero falar contigo seriamente.



Tua vida foi um rosário completo de agonias,
não houve homem amado nem saúde nem dinheiro,
apenas a fome para ser compartilhada.
Mas quero faler-te da tua esperança,
das três diversas esperanças
que tua filha fabricou sem saber como.

Toma esta mão de homem que parece de menino


nas tuas mãos, polidas pelo sabão amarelo.
Abriga teus calos duros e teus nós puros dos dedos
na suave vergonha de minhas mãos de médico.



Escuta, avó proletária:
crê no homem que chega,
crê no futuro que nunca verás.



Não rezes ao deus inclemente
que toda uma vida desmentiu tua esperança;
não peças clemência à morte
para ver crescer tuas pardas carícias;
os céus são surdos e o escuro manda em ti.
Mas terás uma vermelha vingança sobre tudo,
juro pela exata dimensão de meus ideais:
todos os teus netos viverão a aurora.
Morre em paz, velha lutadora.



Vais morrer, velha Maria:
trinta projetos de mortalha
dirão adeus com o olhar
num destes dias em que te vais.



Vais morrer, velha Maria:
ficarão mudas as paredes da sala
quando a morte conjugar-te com a asma
e copularem seu amor na tua garganta.



Essas três carícias construidas de bronze
(a única luz que alivia a tua noite),
esses três netos vestidos de fome
chorarão os nós destes dedos velhos
onde sempre encontravam um sorriso.
E isso será tudo, velha Maria.


Tua vida foi um rosário de magras agonias,
não houve homem amado, saúde, alegria
apenas a fome para ser compartilhada.
Tua vida foi triste, velha Maria.



Quando o anúncio do descanso eterno
suaviza a dor de tuas pupilas
e quando a tua mão de perpétua borralheira
absorve a última e ingênua carícia,
pensas neles… e choras,
pobre velha Maria!



Não, não o faças!
Não rezes ao deus indolente
que toda uma vida desmentiu a tua esperança,
nem peças clemência à morte,
que tua vida foi horrivelmednte vestida de fome
e acaba vestida de asma.



Mas quero anunciar-te,
na voz baixa e viril das esperanças,
a mais vermelha e viril das vinganças.
Quero jurá-lo pela exata
dimensão de meus ideais.



Toma esta mão de homem que parece de menino
nas tuas mãos, polidas pelo sabão amarelo.
Abriga teus calos duros e teus nós puros dos dedos
na suave vergonha de minhas mãos de médico.



Descansa em paz, velha Maria,
descansa em paz, velha lutadora:
todos os teus netos viverão a aurora.
EU JURO!

(tradução de Jeff Vasques)

9 de outubro de 2014

Artigo: A maior votação da história


Por Alexandre Cândido de Oliveira Campos
Gestor Governamental

Estamos sinceramente lisonjeados com os 472.507 votos de confiança que recebemos da população mato-grossense no último dia 05 de outubro. Não se trata apenas da maior votação do Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso, mas da maior votação entre todos os segundos colocados nas eleições para governador no Estado. Isso significa que ninguém, além de nós, chegou tão perto de provocar um segundo turno para a eleição de governador de Mato Grosso.

A campanha humilde e corajosa que construímos permite concluir que todos os quase 500 mil votos conquistados foram decididos pela livre consciência das pessoas. Em cada voto enxergamos uma mensagem de esperança em um governo em constante diálogo com o povo. Enxergamos o pedido pelo fim da corrupção de prioridades, na qual os recursos do Estado são voltados para o beneficiamento dos mais ricos, em detrimento da maior parte da população que carece da presença do Estado. Enxergamos as pessoas em cada município que reconhecem os avanços que o governo do Partido dos Trabalhadores tem proporcionado para todos os brasileiros.

Essa confiança da população nos encoraja ainda mais e nos impulsiona para continuarmos a empunhar as bandeiras do combate às desigualdades, do respeito às diferenças, do diálogo, das políticas públicas com resultados efetivos  e, especialmente, de uma saúde pública de qualidade para todos.

Desejamos muito sucesso ao próximo governador, pois dele depende a melhoria de vida de 3 milhões de mato-grossenses. Que seus compromissos firmados com a população durante o período eleitoral sejam honrados, como é o caso da redução dos repasses aos poderes (Assembleia Legislativa, TCE, Ministério Público e Judiciário), da destinação de 35% para a educação já no primeiro ano de governo, do não loteamento das secretarias aos partidos e apoiadores políticos.

Que Deus ilumine a vida dos governantes e olhe por cada pessoa de nosso Estado. E que nós façamos a nossa parte, participemos cada vez mais da vida política do lugar em que vivemos e lutemos para garantir vida digna a todos!